A Paixão Pela Cerveja entregou pela primeira vez prémios às melhores cervejas produzidas e comercializadas em Portugal. A Paixão Pela Cerveja Awards & Beer Party reuniu mais de 500 participantes no Lisbon Marriott Hotel que puderam conhecer cerca de 100 cervejas nacionais e estrangeiras.
Foram 39 as cervejas premiadas na primeira edição da Paixão Pela Cerveja Awards, galardões divididos entre Excelência e Prestígio em que os primeiros correspondem a cervejas com nota entre os 38 e 44 e os segundos acima de 45 pontos atribuídos em provas cegas. O júri, constituído por membros da equipa da Paixão pela Cerveja, mestres cervejeiros, produtores e beer sommèlliers, deu o seu veredito através da prova das diferentes cervejas ao longo do ano tendo selecionado as melhores de Portugal.
Motivos para celebrar
A primeira edição desta verdadeira celebração da cerveja foi fruto da ideia de Maria Helena Duarte, diretora e fundadora da Paixão pela Cerveja, que salientou que “nunca se fez algo assim em Portugal”. A anfitriã explicou que “foi um privilégio fazer a festa para elogiar o sector e a cerveja” e mostrou-se “orgulhosa com o sucesso” do evento. Os prémios contaram com o apoio da APCV – Cervejeiros de Portugal e Francisco Gírio, secretário-geral da associação, que foi também um responsáveis pela entrega dos prémios aos vencedores, destacou a colaboração que a organização tem com a revista: “Os Cervejeiros de Portugal apoiam desde o início a Paixão pela Cerveja e é com muito orgulho que vemos este projeto editorial ganhar asas e termos este primeiro grande evento de prémios para as nossas melhores marcas de cerveja”. O secretário-geral realçou também a “importância deste tipo de eventos para promover o segmento” e mostrar “a realidade nacional”. Portugal “é um país que produz, em quase todo o território, diversos estilos de cerveja com qualidade e isto cria um movimento que seduz os portugueses cada vez mais a consumir e descobrir mais sobre cerveja, a bebida preferida nacional”.
Reconhecimento do trabalho realizado
A palavra reconhecimento foi a mais utilizada pelos vencedores dos prémios atribuídos pela Paixão Pela Cerveja. José Rua, responsável da Sadina, salientou que o prémio recebido é o “reconhecimento do trabalho e do esforço, a indicação que estamos no bom caminho, a trabalhar bem e uma força para continuar”. Já Gustavo Gallas, que viu a Boris, uma Russian Imperial Stout, galardoada com o prémio excelência, disse que receber esta distinção é uma “felicidade muito grande, uma honra, uma grande motivação para continuar e ajudar a colocar Portugal no topo do mundo”. Diogo Barrigas, da Barona Brewing Company, que ganhou um prémio na categoria Prestígio, também falou de aprovação: “É bom estar posicionado junto de outras cervejeiras que têm mais experiência do que nós e ter um prémio para a nossa IPA que foi uma das primeiras que fizemos”. Fábio Faustino, da Companhia de Cervejas de Leiria, que viu reconhecida a qualidade da Xarlie Edição Especial, revelou que “foi uma surpresa” e que o prémio deu à equipa “motivação para continuar”.
A Vadia Trigo foi outra das premiadas e Nuno Marques destacou que este é o “primeiro prémio nacional”, já que a cerveja já tinha sido premiada internacionalmente e que demonstra que a marca “está no caminho certo”.
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União faz a força
Ricardo Cacildo também falou de reconhecimento mas preferiu destacar a importância do networking: “O mais importante do evento é pôr-nos a falar uns com os todos, os pequenos, os grande e os ultra-grandes todos juntos, e termos o feedback do público”. Filomena Carvalho, cuja cerveja Kenga Strong Ale, foi galardoada na categoria Excelência falou da colaboração: “A nível de divulgação é ótimo. É o reconhecimento do meu trabalho e do Milton Ribeiro. Este dois anos foram muito bons com alguns obstáculos. Mas importante mesmo é termos sentido sempre um grande apoio e incentivo dos outros cervejeiros”.
O cofundador da Cerveja Letra, Filipe Macieira, que levou para casa quatro distinções, enalteceu o facto dos prémios serem atribuídos com base em “provas cegas”, o que “revela que, acima de tudo, as cervejas Letra estão num patamar elevado de qualidade já que foram comparadas com muitas outras”. O Brewer Engineer salientou que as iniciativas como a realizada pela Paixão Pela Cerveja são importantes como um “local de convívio com outros cervejeiros, independentemente da sua dimensão e de troca de ideias”.
De união falou também Francisco Ramos, diretor da Hoppy House Brewing: “É a celebração da cerveja e uma união à volta da cerveja. É ótimo sermos bem classificados num mundo de tão bons profissionais cervejeiros e saber que estamos a fazer a coisa bem feita”.
A dimensão não importa
E se os prémios são importantes para quem está no início, não são menos para quem tem vários anos de dedicação ao sector conforme nos disse Marta Fraga do Super Bock Group, que recebeu quatro galardões, um dos quais Prestígio: “Os prémios são importantes pelo reconhecimento do nosso trabalho mas também porque as cervejas precisam de um novo valor. É preciso que lhes seja dado o brio que merecem porque são complexas e porque há muitas equipas por trás da criação de uma cerveja. São muitas as equipas galardoadas quando as cervejas recebem prémios e isso é extremamente importante para nós”. Sandra Peixoto, da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas tem exactamente a mesma opinião: “É o reconhecimento do produto e da excelência, o que nos motiva para fazer cada vez mais e melhor”.
Montra nacional
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Mas nem só de prémios viveu aquela que foi a primeira grande beer party de Lisboa. A iniciativa reuniu mais de 100 cervejas de 20 produtores e representantes das principais marcas, entre elas: Barona, Boulevard, Bush, Burguesa, Cinco Chagas, Chimay, Cuvée des Trolls, Delirium, Epicura, Erdinger, Four Room Barley Wine, Gallas, Gulden Draak, Kenga, Kwak, La Trappe, Letra, Lindinha Lucas, Martin’s, Mean Sardine, Nortada, Onyx, Pato, Paulaner, Post Scriptum, Praxis, Rima, Sagres Bohemia, Saint Sebastiaan, Samuel Adams, Samuel Schmidt’s, St. Bernardus, Super Bock Selecção 1927, Topázio, Trevo da Caparica, Trindade, Vadia, Velhaca, Westmalle, Xarlie e Xocarago. Esta verdadeira montra do que melhor se faz e comercializa em Portugal ao nível da cerveja é de “extrema importância” conforme foi referido por todos os cervejeiros presentes na festa. A “divulgação” é mesmo o fator crucial para estas marcas como nos disse Márcio Ferreira, mestre cervejeiro da Praxis ou Grimoalda Soares, responsável da Pato Brewing.
Boas escolhas
Na Paixão Pela Cerveja Awards & Beer Party estiveram também presentes dois dos mais importantes importadores de cerveja em Portugal, a Beer & Tailors e a DCNBeers que viram algumas das cervejas que representam serem distinguidas pelo júri. Nuno Ribeiro da Beer & Tailors esclareceu que os prémios recebidos pelas cervejas que representa – Bush da Brasserie Dubuisson Frères, Gulden Draak 9000 da Brouwerij Van Steenberge e a Charles Quint Keizer Karel Rubis da Brouwerij Haacht Brasserie, todas elas da Bélgica – são “muito importantes para divulgar e dar visibilidade” a estas marcas. Já Luís Pedro Pimenta, da DCNBeers, esclareceu que a empresa aposta num “portfólio de acordo com gostos dos portugueses” e diz que representar a Erdinger, a Martin´s e a Boulevard (cervejas premiadas nesta edição) é um orgulho. O CEO disse ainda que “é ótimo haver eventos de cerveja fora dos meses de verão” já que é muito importante “haver este tipo de eventos fora do período natural da cerveja”.
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A importância da formação
Uma outra forma de elogiar e celebrar a cerveja é partilhar a sua história e todo o mundo que existe à sua volta. Foi isso mesmo que diversos especialistas fizeram nas três Beer Masterclasses do evento. Filipe Macieira, Brewer Engineer e Beer Sommèllier na Letra, ensinou os participantes a provar, Filipa Santos e Beatriz Rocha, Beer Sommèlliers da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas e Hoppy House Brewing, respetivamente, falaram dos principais estilos de cerveja e Marta Fraga, Beer Sommèllier do Super Bock Group, e o Chef António Alexandre, do Lisbon Marriott, fizeram cinco harmonizações de cerveja com comida.
Mas qual o motivo para que a formação seja tão importante? Filipe Macieira explicou que “a iniciação na prova de cervejas é fundamental para ganhar mercado e dar a perceber de que forma a cerveja artesanal é diferente”. Filipa Santos, por seu turno, destacou a necessidade de “difundir a cultura cervejeira, que é um mundo muito rico” e disse que “os consumidores portugueses gostam muito de cerveja mas precisam de ser despertados para este mundo”.
Por outro lado, há que “desmistificar a cerveja e ajudar os consumidores a saber escolher” conforme referiu Beatriz Rocha. É que um estudo da empresa revelou que os portugueses “sentem que o mundo da cerveja artesanal é complexo” e que, por isso, “não sabem o suficiente para escolherem” o que beber. As pessoas “querem experimentar mas não sabem como, já que há muita oferta e é por isso que é muito importante estas ações”.
Sobre esta transmissão de conhecimento, Marta Fraga referiu que “as pessoas têm curiosidade sobre a cerveja, querem saber mais, saber como usá-la melhor, como harmonizá-la”. Por isso, “é importante que estes momentos sejam criados para conseguimos desvendar o mundo que está por trás da cerveja”.
Satisfação na despedida
A Paixão Pela Cerveja Awards & Beer Party não deixou ninguém indiferente e não foram só os cervejeiros que se manifestaram contentes com o evento, o público com quem falámos, alguns mais conhecedores do mundo da cerveja do que outros, mostraram-se impressionados com a “qualidade do que se produz em Portugal”, com a “diversidade” e com a afluência do evento mas sobretudo com a possibilidade de “falar com os cervejeiros” e tirar dúvidas sobre as cervejas, estilos e métodos de produção.
No final, a anfitriã da festa, Maria Helena Duarte, deixou um desafio aos portugueses: “Bebem mais cerveja, provem cada vez mais e descubram os estilos que existem e que são fantásticos”.
E já sabem, para o ano há mais por isso estejam atentos se quiserem participar nesta grande celebração da cerveja feita em Portugal e no mundo.
